sábado, 18 de junho de 2011

UMA VIAJEM NA LITERATURA!


 
link único para todos os ebooks:
 
com excessão dos ebooks:
Ler e Escrever na Escola
Novo Testamento Judaico
O Valor de Uma Amizade
Deus e a Cabana
 
abaixo links avulsos
 
 
 
 
1-
A Comunidade Que Vem - Giorgio Agamben
 
 
 
 
Sinopse:
Após a experiência devastadora que esvaziou a escala planetária, instituições, crenças, ideologias, identidades e comunidades, o pensamento sobretudo o pensamento político está pela primeira vez confrontado sem ilusão alguma, com o dever de penetrar no coração do tempo e da história, estabelecendo as categorias políticas que estejam à altura do presente. Para dar expressão à matéria política com que estamos confrontados, Giorgio Agamben propõe neste livro, que se articule o lugar, os modos e o sentido da experiência do presente, numa forma de comunidade que subsuma uma ética e uma política à altura do nosso tempo; A comunidade que vem.
 
 
 
2-
A Morte do Planeta - J. W. Rochester
 
 
 
 
Sinopse:
Obra psicografada em 1911, mas totalmente atual graças à vigorosa imaginação do Autor. Um mago repleto de poderes percorre épocas distintas no tempo, chegando a um futuro não muito longínquo com notícia que afetará o planeta Terra como um todo. Os personagens, então, tomam consciência de realidade eminente. Estará próxima a morte do planeta?
 
 
 
3-
A Terra Oca - Raymond Bernard
 
 
 
 
Sinopse:
A teoria da Terra oca afirma que a Terra não é um esferóide sólido, mas sim oca com aberturas no pólos. No seu interior viveria uma civilização tecnologicamente avançada, cujos integrantes às vezes vêm para a superfície em OVNIs. Existem variantes desta teoria, inclusive uma em que nós vivemos no interior da Terra oca. Esta última é a teoria da Terrainvertida, que se confunde com as diferentes versões da teoria da Terra oca.
 
 
 
4-
Amor Acima de Tudo - Max Lucado
 
 
 
 
Sinopse:
O segredo para amar uns aos outros de maneira sincera e desinteressada é antes de dar amor, é preciso recebê-lo. Em Amor Acima de Tudo você vai conhecer a forma perfeita de amar a forma de Deus. Então, mergulhe no oceano do amor de Deus e deixe que cada gota inunde seu coração e o mantenha aberto para acolher e compartilhar esse sentimento.
 
 
 
 
5-
Bases do Mundo Ardente - Trigueirinho
 
 
 
 
 
 
 
6-
Conhecimento Oculto
 
 
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7-
Cultura da Interface - Steven Johnson
 
 
 
 
 
 
Sinopse:
Steven Johnson um dos mais influentes pensadores do ciberespaço cria neste livro uma ponte entre tecnologia e arte. Ao demonstrar como as interfaces aqueles botões, figuras e palavras na tela através dos quais controlamos a informação interferem em nossa vida cotidiana, delineia um exuberante panorama cultural e histórico, no qual as interfaces atuais assumem seu devido lugar na linhagem da inovação artística. Escrito em estilo original e acessível, Cultura da Interface confere nova profundidade à discussão vital sobre como a tecnologia transformou a sociedade, e certamente provocará um amplo debate nos círculos tanto literário como tecnológicos.
 
 
 
8-
Deus e a Cabana - Roger E. Olson
 
 
 
 
 
Sinopse:
Sucesso mundial, A Cabana, de William P. Young, emocionou milhões de pessoas com sua história sobre a Grande Tristeza. Embora seja parte da condição humana, nunca deixamos de nos perguntar: "Onde está Deus nessas horas?" "Por que ele nos abandona quando mais precisamos?" Foram essas perguntas que levaram Mack, o protagonista de A Cabana, a descobrir o remédio para um mal aparentemente incurável. Roger E. Olson, que já vivenciou sua própria Grande Tristeza, encontrou conforto em A Cabana e analisou essa fascinante história sob uma nova ótica. Em Deus e A Cabana, Olson se aprofunda em importantes questões encontradas em A Cabana, como o perdão, o modo de agir de Deus, como Ele pode ser três pessoas em apenas uma e que diferença isso faz em nossa vida. Prepare-se para um novo e esclarecedor ponto de vista sobre essa história e encontre sua própria verdade em A Cabana.
 
 
 
9-
Diversidade - Tatiana Belinky
 
 
 
 
 
Sinopse:
Se todo mundo fosse igualzinho, o mundo não teria graça! Mas só reconhecer que as pessoas são diferentes não basta. É preciso respeitar as diferenças. E os versos de 'Diversidade' nos ensinam isso, que não há um jeito único de ser 'assim ou assado, todos são gente, tudo é humano'.
 
 
 
 
10-
Homens Fortes - John Crotts
 
 
 
 
 
Sinopse:
Homens cristãos acham freqüentemente a tarefa de liderança familiar tão desanimadora, que evitam se envolver, deixando a esposa e os filhos com a impressão de que não se importam muito ou não querem liderar quando o cerne do problema simplesmente está em apavorar-se com a responsabilidade da tarefa que Deus lhe confiou. Este livrete de John Crotts foi escrito na esperança de promover um estímulo para homens que têm relutado em tomar o centro da liderança espiritual da intimidade com Cristo, na amorosa liderança servil.
 
 
 
11-
Ler e Escrever na Escola - Delia Lerner
 
 
 
 
 
Sinopse:
Este é um livro necessário. Um livro alimentado na ação e na reflexão. Livro aberto, inacabado, questionador, feito para a interlocução. A pertinência desses textos é inegável. Todos eles estão centrados na compreensão e na transformação da prática docente em alfabetização em educação básica. Este livro testemunha um esforço constante para analisar as mudanças nas práticas docentes e teorizar sobre as ações necessárias para que tais mudanças ocorram. Em sua reflexão, Delia incorpora fortemente o pensamento francês de uma corrente conhecida como Didática da Matemática, cujos representantes principais, citados por ela mesma, são Brousseau e Chevallard. E aqui se torna manifesto seu duplo interesse nas aprendizagens básicas Língua e Matemática que determinam o êxito ou fracasso inicial. Ela atualiza conceitos fundamentais dessa corrente de pensamento como o de contrato didático e o de transposição didática, tratando, no entanto, de encontrar sua própria especificidade no caso da língua escrita. Finalmente, a melhor recomendação que se pode fazer a um livro é mostrar que ajuda a continuar pensando. Que a discussão siga e que o conhecimento avance para que possamos atuar melhor e, assim, garantir o direito à alfabetização de todas as crianças.
 
 
 
 
12-
Novo Testamento Judaico - David Stern
 
 
 
 
 
Sinopse:
Uma nova tradução do Novo Testamento que transformará seu entendimento da Bíblia. Mais que uma obra sobre judeus, este é um livro judaico feito por judeus, para judeus e gentios. Sua personagem central, o Messias Yeshua (Jesus), era e é um judeu. A expiação vicária, a salvação, a imersão (batismo), a nova aliança e o verdadeiro conceito de Messias são todos temas judaicos. Em suma, o Novo Testamento tem como alicerce e ao mesmo tempo completa as escrituras hebraicas. Usando nesta versão para o português os mesmos parâmetros da tradução dos originais gregos para o inglês, o Novo Testamento Judaicoapresenta linguagem moderna e agradável. O texto desafia os judeus a compreender que Yeshua é um amigo para todo coração judeu e que o Novo Testamento é um livro judeu repleto de verdades a serem aceitas e praticadas.
 
 
 
13-
O Filho da Serpente Alada - Mervyn Eagle
 
 
 
 
Sinopse:
Há mais de 400 mil anos, na Atlântida, os personagens desse romance viveram uma história cheia de aventura, mistério e verdade. A civilização atlante era muito similar à nossa e as causas que levaram à sua queda estão tão presentes na civilização moderna quanto estiveram naquele remoto passad
 
 
 
 
 
14-
O Poder das Palavras - Márcio Valadão
 
 
 
 
Sinopse:
A mesma língua que edifica pode também matar. A Palavra de Deus nos revela preciosos ensinamentos acerca do nosso falar: “O que guarda a boca e a língua guarda a sua alma das angústias”. (Provérbios 21:23). O Senhor nos concedeu um órgão capaz de dar vida ou de levar à morte: a língua.
 
 
 
 
15-
O Valor de Uma Amizade - John C. Maxwell
 
 
 
 
Sinopse:
Esta obra é uma coletânea com histórias, citações e vivências sobre o tema, conduzindo de forma magistral e delicada pela pena de John Maxwell, um autor que aprendeu o valor, o prazer e o poder restaurador, representado às vezes pela simples lembrança, da existência daquele amigo em quem sabemos que podemos confiar.
 
 
 
 
16-
Os Reinos Perdidos - Zecharia Sitchin
 
 
 
 
Sinopse:
Em "Os Reinos Perdidos" de Sitchin, pode-se encontrar ilustrações dos artefatos que parecem representar astronautas barbados e cápsulas no México, e no Líbano, o que pode ser um foguete numa plataforma de aterrissagem. Recomendou aos diretores do museu permitir aos visitantes decidirem por si o que é aquilo, em vez de indicar suas próprias dúvidas sobre a autenticidade do artefato. Isto foi o bastante para convencer os curadores a finalmente expor o objeto ao público.
 
 
 
 
 
17-
Tribunal de Guerra - Rebecca Brown & Daniel Yoder
 
 
 
 
 
Sinopse:
Bíblia claramente nos ensina que Satanás está constantemente diante de Deus levando acusações contra nós (Apocalipse 12:10). Infelizmente, muitas das vezes, Satanás tem a causa ganha. Toda vez que Satanás se coloca diante de Deus e vence uma causa contra alguém, isso dá a ele o direito legal de levar destruição à vida dessa pessoa! É de vital importância que você aprenda como Satanás o atacará durante estes tempos de dificuldade e como alcançar a vitória sobre ele em sua vida! Tribunal de Guerra ensinará a você como.
 
 
 
 
18-
Uma Princesa de Marte - Edgar Rice Burroughs
 
http://www.megaupload.com/?d=FECMPV7T
 
 
 
Sinopse:
Após a tentativa frustrada de resgatar um companheiro de armas capturado por indígenas, o capitão John Carter abriga-se em uma caverna, onde é inexplicavelmente levado a Marte. Uma vez em Barsoom como o planeta é chamado por seus habitantes Carter se vê perdido em um mundo hostil, aprisionado por criaturas monstruosas e inteligentes, os tharks. Mas ele também conhece beleza e civilidade em Marte. Dejah Thoris, princesa de Helium, ganha o coração do herói da Terra, que arrisca a vida para salvá-la do inimigo e devolvê-la em segurança para seu povo. Em seus romances barsoomianos, do qual Uma Princesa de Marte é o primeiro livro, Burroughs criou um herói marcante, uma cultura vasta e rica. Um mundo extraordinário que revolucionou os gêneros de ficção científica, aventura e fantasia, e que está sendo adaptado para o cinema pelos Estúdios Disney
 
 

terça-feira, 14 de junho de 2011

JÁ QUE VAIS TER QUE VIVER COM AS SUAS DECISÕES, TOME DECISÕES COM QUE POSSA VIVER.


A ÁGUIA E A GALINHA
Leonardo Boff

Uma metáfora da condição humana

1ª orelha:
Ao ver uma galinha e uma águia, você vai ver mais que uma galinha e uma águia. Você vai se confrontar com duas dimensões fundamentais da existência humana. A dimensão do enraizamento, do cotidiano, do prosaico, do limitado: o símbolo da galinha. A dimensão da abertura, do desejo, do poético, do ilimitado: o símbolo da águia. Como equilibrar estes dois pólos? Como impedir que a cultura da homogeneização afogue a águia dentro de nós e nos tolha voar? Para dar uma resposta convincente a esses desafios, o autor visita a moderna cosmologia, a psicologia profunda, a nova antropologia, a ecologia, a espiritualidade e a mística. O resultado é uma reflexão instigante que provoca entusiasmo na busca da identidade humana através da inclusão das contradições e da superação dos eventuais obstáculos a nível pessoal, social e planetário.

4ª capa:
Cada um hospeda dentro de si uma águia. Sente-se portador de um projeto infinito. Quer romper os limites apertados de :eu arranjo existencial. Há movimentos na política, na educação e no processo de mundialização que pretendem reduzir-nos a simples galinhas, confinadas aos limites do terreiro. Como vamos dar asas à águia, ganhar altura, integrar também a galinha e sermos heróis de nossa própria saga? Este livro sugere caminhos, mostra uma direção e projeta um sonho promissor.



Dedico este livro:
– aos sensíveis à dimensão feminina, a águia mais aprisionada e reprimida de nossa cultura. Sem ela, Aggrey jamais teria contado à história que contou. Eu, certamente, não teria tido a sensibilidade para guardá-Ia e refleti-Ia no coração. E vocês não seriam capazes de experienciá-Ia.
– a todos os que, sendo águias, são impedidos de o ser e se vêem reduzidos à condição de galinhas.
– de maneira especial ao povo negro e às nações indígenas, naturalmente portadores da ânsia de ser-águia.




Todo ponto de vista é à vista de um ponto

Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.
Todo ponto de vista é à vista de um ponto. Para . Entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão do mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura.
A cabeça pensa a partir de onde o pé pisa. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências têm, em que trabalha, que desejos alimentam, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.
Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor. Porque cada um lê e relê com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita.
Com estes pressupostos vamos contar a história de uma águia, criada como galinha. Essa história será lida e compreendida como uma metáfora da condição humana. Cada um lerá e relerá conforme forem seus olhos. Compreenderá e interpretará conforme for o chão que seus pés pisam.
Os antigos bem diziam: habent sua fata libelli, os livros têm seu próprio destino. Tinham razão, porque o destino dos livros está ligado ao destino dos leitores. E aí entram em cena a águia e a galinha, carregadas de significação, como veremos ao longo de nossa história.
Esperamos que para você a águia e a galinha se transformem também em símbolos e sacramentos da busca humana por integração e por equilíbrio dinâmico.
Desejamos que a águia sepultada desperte e voe, ganhando altura e ampliando os horizontes de sua releitura e compreensão de você mesmo e do mundo.
Convidamos você a fazer-se, junto com as forças diretivas do universo, criador/co-criadora do mundo criado e por criar.

L.B.

Querência de McKenzie/Padula, Sossego, MG, verão de 1997.


1 – Uma história que vem da África

Era uma vez um político, também educador popular, chamado James Aggrey: Ele Era natural de Gana, pequeno país da África Ocidental. Até agora, talvez, um ilustre desconhecido. Mas, certa feita, contou uma história tão bonita que, com certeza, já circulou pelo mundo, tornando seu autor e sua narração inesquecível.
Como muitas pessoas provavelmente não tiveram a oportunidade de ler sua história, nem de conhecer seu país, vamos inicialmente falar um pouco de Gana e relembrar aquela história.
.Gana está situado no Golfo da Guiné, entre a Costa do Marfim e o Togo. Sua longa história vem do século IV. Alcançou o apogeu entre 700 e 1200 de nossa era. Naquela época havia tanto ouro que até os cães de raça usavam coleiras e adornos com esse precioso metal.
No século XVI Gana foi feita colônia pelos portugueses. E por causa do ouro abundante chamaram-na de Costa do Ouro. Outros, como os traficantes de escravos, denominavam-na também de Costa da Mina.
N o século XVIII, época do chamado ciclo da Costa da Mina, vieram dessa região, especialmente para a Bahia, cerca de 350 mil escravos. Com eles vieram e foram incorporados muitos elementos de sua cultura. O uso medicinal das folhas (ewé) que curam somente quando acompanhadas de palavras mágicas e de encantamento. E sua religião, o ioruba ou o candomblé, que possui uma das teologias mais fascinantes do mundo. Faz de cada pessoa humana uma espécie de Jesus Cristo, quer dizer, um virtual incorporador dos orixás, divindades ligadas à natureza e às suas energias vitais.
Os escravos eram negociados em troca de fumo de terceira. Refugado por Lisboa, esse fumo era muito apreciado na África por causa de seu perfume. Dizia-se até: "a Bahia tem fumo e quer escravos; Costa da Mina tem escravos e quer fumo; portanto, façamos um negócio que é bom para os dois lados". As maiorias dos escravos das plantações de cana-de-açúcar nos Estados Unidos vieram também da região de Gana.
O pretexto de combater a exportação de escravos para as Américas, a Inglaterra se apoderou desta colônia portuguesa. De início, em 1874, ocupou a costa e, em seguida; em 1895, invadiu todo o território. Gana perdeu assim a liberdade, tomando-se apenas mais uma colônia inglesa.

A libertação começa na consciência

A população ganense sempre alimentou forte consciência da ancestralidade de sua história e muito orgulho da nobreza de suas tradições religiosas e culturais. Em conseqüência, foi constante sua oposição a todo tipo de colonização. James Aggrey; considerado um dos precursores do nacionalismo africano e do moderno pan-africanismo, fortaleceu significativamente este sentimento.
Ele teve grande relevância política como educador de seu povo. Para libertar o país – pensava ele à semelhança de Paulo Freire – precisamos, antes de tudo, libertar a consciência do povo. Ela vem sendo escravizada por idéias e valores antipopulares, introjetados pelos colonizadores.
Com efeito, os colonizadores, para ocultar a violência de sua conquista, impiedosamente desmoralizavam os colonizados. Afirmavam, por exemplo, que os habitantes da Costa do Ouro e de toda a África eram seres inferiores, incultos e bárbaros. Por isso mesmo deviam ser colonizados. De outra forma, jamais seriam civilizados e inseridos na dimensão do espírito universal.
Os ingleses reproduziam tais difamações em livros. Difundiam-nas nas escolas. Pregavam-nas do alto dos púlpitos das igrejas. E propalavam-nas em todos os atos oficiais.
O marte lamento era tanto que muitos colonizados acabaram hospedando dentro de si os colonizadores com seus preconceitos. Acreditaram que de fato nada valiam. Que eram realmente bárbaros, suas línguas, rudes, suas tradições, ridículas, suas divindades, falsas, sua história, sem heróis autênticos, todos efetivamente ignorantes e bárbaros.
Pelo fato de serem diferentes dos brancos, dos cristãos e dos europeus, foram tratados com desigualdade, discriminados. A diferença de raça, de religião e de cultura não foi vista pelos colonizadores como riqueza humana. Grande equívoco: a diferença foi considerada como inferioridade!
Processo semelhante ocorreu no século XVI com os indígenas da América e com os colonizados da Ásia. E ocorre ainda hoje com os países que não foram inseridos no novo sistema mundial de produção, de consumo e de mercado global, como a maioria das nações da América Latina, da África e da Ásia. Elas são consideradas "sem interesse para o capital", tidas, em termos globais, como "zeros econômicos" e suas populações vistas como "massas humanas descartáveis", "sobrantes" do processo de modernização. São entregues à própria fome, à miséria e à margem da história feita pelos que presumem serem os senhores do mundo. Estes mostram, por isso, uma insensibilidade e uma desumanidade que dificilmente encontra paralelos na história humana.
Infelizmente, a mesma discriminação acontece com os pobres e miseráveis, com as mulheres, os deficientes físicos e mentais, os homossexuais, os portadores do vírus HIV, os hansenianos e todos aqueles que não se enquadram nos modelos preestabelecidos. Todos são vítimas do preconceito e da exclusão por parte daqueles que se pretendem os únicos portadores da humanidade, de cultura, de saúde, de saber e de verdade religiosos.
– Dominadores, vossa arrogância vos torna cruéis e sem piedade. Ela vos faz etnocêntricos*, dogmáticos* e fundamentalistas* .Não percebeis que vos desumanizais a vós mesmos? Reparai: onde chegais, fazeis vítimas de toda ordem por conta do caráter discriminador, pros elitista e excludente de vossas atitudes e de vosso projeto cultural, religioso, político e econômico que impondes a todo mundo!

A libertação se efetiva na prática histórica

Toda colonização – seja a antiga, pela invasão dos territórios, seja a moderna, pela integração forçada no mercado mundial – significa sempre um ato de grandíssima violência. Implica o bloqueio do desenvolvimento autônomo de um povo. Representa a submissão de parcelas importantes da cultura, com sua memória, seus valores, suas instituições, sua religião, à outra cultura invasora. Os colonizados de ontem e de hoje são obrigados a assumir formas políticas, hábitos culturais, estilos de comunicação, gêneros de música e modos de produção e de consumo dos colonizadores. Atualmente se verifica uma poderosa "hamburguerização" da cultura culinária e uma "rockiquização" dos estilos musicais. Os que detêm o monopólio do ter, do poder e do saber, controlam os mercados e decidem sobre o que se deve produzir, consumir e exportar. Numa palavra, os colonizados são impedidos de fazer suas escolhas, de tomar as decisões que constróem a sua própria história.
Tal processo é profundamente humilhante para um povo. Produz sofrimentos dilaceradores. A médio e a longo prazo não há razões, quaisquer que sejam, que consigam justificar e tomar aceitável tal sofrimento. Aos poucos ele se torna simplesmente insuportável. Dá origem a um anti poder. Os oprimidos começam a "extrojetar" o opressor que forçadamente hospedam dentro de si. É o tempo maduro para o processo de libertação. Primeiro, na mente. Depois, na organização, Por fim, na prática.
Libertação significa a ação que liberta a liberdade cativa. É só pela libertação que os oprimidos resgatam a auto-estima. Refazem a identidade negada. Reconquistam a pátria dominada. E podem construir uma história autônoma, associada à história de outros povos livres.
– Oprimidos, convencei-vos desta verdade: a libertação começa na vossa consciência e no resgate da vossa própria dignidade, feita mediante uma prática conseqüente. Confiai. Jamais estareis sós. Haverá sempre espíritos generosos de todas as raças, de todas as classes e de todas as religiões que farão corpo convosco na vossa nobre causa da liberdade. Haverá sempre aqueles que pensarão: cada sofrimento humano, em qualquer parte do mundo, cada lágrima chorada em qualquer rosto, cada ferida aberta em qualquer corpo é como se fosse uma ferida no meu próprio corpo, uma lágrima dos meus próprios olhos e um sofrimento do meu próprio coração. E abraçará a causa dos oprimidos de todo o mundo. Serão vossos aliados leais.
James Aggrey incentivava em seus compatriotas ganenses tais sentimentos de solidariedade essencial. Infelizmente não pôde ver a libertação de seu povo. Morreu antes, em 1927. Mas semeou sonhos.
A libertação veio com Kwame N'Krumah, uma geração após. Este aprendeu a lição libertária de Aggrey: Apesar da vigilância inglesa, conseguiu organizar em 1949 um partido de libertação, chamado Partido da Convenção do Povo.
N'Krumah e seu partido pressionaram de tal maneira a administração colonial inglesa, que o governo de Londres se viu obrigado, em 1952, a fazê-lo primeiro-ministro. Em seu discurso de posse surpreendeu a todos ao proclamar: "Sou socialista, sou marxista e sou cristão".
Obteve a sua maior vitória no dia 6 de março de 1957 quando presidiu a proclamação da independência da Costa do Ouro. Agora o país voltou ao antigo nome: Gana. Foi à primeira colônia africana a conquistar sua independência.
Gana tem hoje 238.537 quilômetros quadrados, com densa selva tropical ao sul, atravessada pelo grandioso rio Volta de 1.600 quilômetros de comprimento. A represa Akossombo, feita com o rio, forma um imenso lago de 8.482 quilômetros quadrados, numa extensão de quatrocentos quilômetros. A capital é Accra, com ,cerca de 700 mil habitantes numa população total de 16,4 milhões de pessoas. Estima-se que em 2000, Gana terá 20 milhões de habitantes.
Se aplicarem os ideais de James Aggrey, consolidarão sua identidade e autonomia. E avançarão pouco a pouco no sentido de uma concidadania participativa e solidária.


2 – Nós somos águias

Vamos, finalmente, contar a história narrada por James Aggrey.
O contexto é o seguinte: em meados de 1925, James havia participado de uma reunião de lideranças populares na qual se discutiam os caminhos da libertação do domínio colonial inglês. As opiniões se dividiam.
Alguns queriam o caminho armado. Outros, o caminho da organização política do povo, caminho que efetivamente triunfou sob a liderança de Kwame N’krumah. Outros se conformavam com a colonização à qual toda a África estava submetida. E havia também aqueles que se deixavam seduzir pela retórica* dos ingleses. Eram favoráveis à presença inglesa como forma de modernização e de inserção no grande mundo tido como civilizado e moderno.
James Aggrey, como fino educador, acompanhava atentamente cada intervenção. Num dado momento, porém, viu que líderes importantes apoiavam a causa inglesa. Faziam letra morta de toda a história passada e renunciavam aos sonhos de libertação. Ergueu então a mão e pediu a palavra. Com grande calma, própria de um sábio, e com certa solenidade, contou a seguinte história:
."Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
– Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
– De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
– Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração há fará um dia voar às alturas.
– Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
– Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
– Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:
-Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
– Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
– Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, abra suas asas e voe !
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou... Voou.. Até confundir-se com o azul do firmamento... "
E Aggrey terminou conclamando:
– Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muitos de nós ainda achamos que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.



3 – Contar e recontar no estilo dos hebreus

A história de James Aggrey é realmente esplêndida. Evoca dimensões profundas do espírito, indispensáveis para o processo de realização humana: o sentimento de auto-estima, a capacidade de dar a volta por cima nas dificuldades quase insuperáveis, a criatividade diante de situações de opressão coletiva que ameaçam o horizonte da esperança.
James Aggrey tinha razão: cada pessoa tem dentro de si uma águia. Ela quer nascer. Sente o chamado das alturas. Busca o sol. Por isso somos constantemente desafiados a libertar a águia que nos habita.
Para resgatar essa águia, orientemo-nos pela história desse educador ganense. O caminho de libertação se tomará mais límpido, se recontarmos a história da águia enriquecendo-a com mais dados. Assim teremos mais elementos de reflexão e de estímulo para seguir caminhando.
Esse modo de recontar acrescentando novos dados é próprio das culturas orais como as dos negros e dos indígenas. É natural também nas famílias que guardam a memória de seus antepassados e da cultura popular não escolarizada